9.9.07

O teu piano

Dedilhas o teu piano
em profundos acordes de tristeza
o meu coração profano
como que se enche de beleza
Toca!
Toca!
Pressionas em cada tecla
o som que emerge
nisto que eu aqui tenho dentro
tudo se converge
Toca!
Toca novamente!
E a consternação que cai
em cima do belo piano
não sai um lamento
(só se sofre em silêncio)
Toca!
Por favor, nunca pares de tocar!
Enquanto se ouvir a música
estarás ao pé de mim
e eu te direi, no meio desta acústica:
minha melodia, meu início, meu fim.

(um dos primeiros poemas ridículos)


F.S.

11 comentários:

joana simões disse...

Fábio, nem sempre o que escrevemos é o que chamaríamos de melhor, mas não podemos dizer nunca que é ridículo. quando escrevemos uma coisa, fazemo-lo porque simplesmente necessitamos ou pelo simples facto de que o sentimos, por isso para alem de o texto estar bom, a tua imagem ajuda ainda mais! este post está excelente!

beijinho*

joana simões disse...

mas sim, por vezes precisamos de que alguém continue a tocar, porque se ela for a nossa esperança renascida porque haveríamos de a deixar fugir?
O que é que tu achas? Ainda concordas com a tua observação? (apesar de não saber o que te motivou a escrever este poema)

Anónimo disse...

Digo que é ridículo porque foi dos primeiros poemas que alguma escrevi, não o considero perfeito (claro que também não tem de ser necessariamente pefeito) e ainda porque às vezes tenho dificuldade de me identificar com o que escrevi, na altura saiu com um esforço um pouco mentiroso.

Abraço
(F.S.)

joana simões disse...

hmmmm... não sei se posso dizer que concorde contigo! um escritor nunca é um mentiroso, sendo apenas um fingidor (lembraste?...Fernando Pessoa)! um escritor é apenas um veículo para a transcrição de uma profecia celebrada, criada pela nossa imaginação. assim sendo, nós não somos mais do que veículos, que apesar de tudo podem modificar aquilo que imaginam!

beijo*

Anónimo disse...

Sim, claro que me lembro disso, que saudades das aulas de Português!
No entanto este pareceu-me na altura uma mentira que gravei no papel, era como se o mundo me parecesse tão longe, não estava eu a ser honesto comigo, com a caneta e com a folha de papel :D

(F.S,)

joana simões disse...

sabes, às vzes a nossa hostenidade também se encontra naquilo que procuramos tanto para nós como para os outros!
o que escreveste então foi um desejo ou uma espécie... do que gostarias que fosse de diferente de modo a não estares envolto na tua própria concha mas na concha de todos os teus amigos e familiares mais próximos assim como das restantes personagens que compunham o teu dia-a-dia.... será isto?

joana simões disse...

saudades vais ter semprer, é um período que fica para trás, mas que estará sempre presente em ti e em tudo o que tornares! assim, como eu espero permanecer no lote dos teus amigos!

beijo*

Anónimo disse...

Eu estava a começar a desbravar os caminhos da poesia e da prosa, era bastante ingénuo ( ainda o sou à minha maneira) e queria que simplesmente significasse algo, pelo menos, para mim, só que saiu com o tal esforço mentiroso que eu não esperava.

Sinto um enorme carinho por este poema, mas ainda assim ridículo
Ponto final! :D

beijo
(F.S.)

joana simões disse...

bom, sim é verdade! algum dia tiveste de começar, assim como eu e toda a gente que gosta de escrever! então diz-me não teve também FP de começar um dia? Saramago? e todos os outros?
gosto de pensar que essa ingenuidade é o que te caracteriza, o que demonstra o que realmente és e tudo o que sentes pelo que e por quem te rodeia!

essa tal mentira, não foi a mentira, o esforço foi da vontade de querer escrever e assim ficou essa sensação!

o ponto final, pressuponho que seja para me mandar calar (lol), mas tudo bem!

beijo*

joana simões disse...

ok ok não é para me calar...vindo de ti seria até muito estranho! mas tu entendeste o que eu queria dizer assim como eu também entendi o que tu querias dizer!

freespirit disse...

Que será de nós se nos mentirmos a nós mesmos?

Não sou dono de uma personalidade única, o meu ser não é estritamente delineado, não é passível de ser definido.
Minto porque sou diferente do que costumo ser?
Mentiria se agisse sempre num padrão que nem sempre me apetece cumprir.

Mente à vontade.
Mintamos!

abraço.