27.8.07

Gente sem nada para escrever


Não sei o que escrever, insisto em dizê-lo. As minhas mãos estão mergulhadas na maior das preguiças, daquelas que nos inundam de manhã, bem cedo, quando estamos acordados mas com o subconsciente ensonado, desejoso de continuar a sentir o calor que emana dos lençóis, reconfortantes e acolhedores. Digo-te novamente: não sei o que escrever. A tua insistência e perseverança de nada valem quando assim é. A minha mão, não mais do que o prolongamento da minha mente, teima em não se mexer. Até é possível que seja a minha própria mente a não querê-lo, vá-se lá saber o que se passa dentro da nossa massa cinzenta, só sei que nada sai no papel. Se é falta de motivação ou da transcendente inspiração divina que tu dizes que eu tenho, não faço a mínima ideia.
Dizes-me, quando fico triste:
- Esquece, há-de voltar a sair magia da tua mão, não tarda.
Mentes, quando dizes isso, porém, amparas-me o coração, da mesma maneira que amparas a minha vida, todos os dias, enquanto exaltas e exercitas o teu carpe diem, numa invocação plena aos prazeres da vida. Quem me dera ser como tu!
Parece que te ouço, num suave murmúrio:
- Mas ao escreveres isso estás a contradizer-te! Como não podes ter nada para escrever se escrever é o que já estás a fazer?
E eu, cabisbaixo, a responder-te que tudo o que agora me sai são resquícios do que outrora escrevi, do que outrora imaginei, realizei e criei, não se aparenta sequer com a minha escrita, a minha vida.
Repito: não sei o que escrever!
F.S.

2 comentários:

freespirit disse...

Como ter sempre algo de novo para escrever?

A imaginação não nos é transcendente. É-nos uma parte. Que é dela sem memórias ou anseios? Mas que é dela se nada de novo nos assombra?

Bem-vindo à blogosfera! ;)

abraço

joana simões disse...

bom, há muito que prometia voltar a olhar para os teus textos e se me possível comenta-los, para já, desculpa não ter feito nem uma coisa nem a outra!

passando agora a mais um belo exemplo do que tu és capaz com essa mente brilhante que desde há seis anos vou conhecendo, não é necessário ter algo para escrever, desde que a magia corra e flua nas veias da tua imaginação, assim, talvez a pessoa que diz a outra que tu continuas a ter o que necessitas está simplesmente a dizer a verdade! por vezes, estamos até tão vazios que achamos que morremos ali sem nada poder fazer, mas é nessas alturas que tens algo sempre a dizer, mesmo que consideres que não é algo digno de ser escrito!

beijo*