7.5.10

Uma infância vista de cima (5 de 20)

{um dia comprimi as cordas de um violino
sem lhe conseguir calar a ternura}


onde o vento sopra puro,
a música é o silêncio
de um compasso de notas lúcidas
bafejando íngremes colinas.
e nelas deitados lado a lado
a mirar o céu plácido,
somos tantos inquietos
abrindo caminho à unidade.
as estrelas sorriem à chegada do verão
e flutuam ao som dos acordes
porque a música não faria sentido
se flutuar não nos fizesse.
por isso deitados na colina,
onde o tempo nos abandona,
somos jovens eternos,
rebeldes e alheios à maturidade
de que o céu nunca cairá.
e a poesia faz-se
da observação inocente das estrelas.

ora repara na tela azul lá em cima pincelada de luz.
mas eu não sei fazer qualquer poesia.
vou subir à colina e deitar-me.

{decidi comprimir as teclas de um piano
o resultado foi o mesmo}

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