12.7.10

Uma infância vista de cima (15 de 20)

uma maçã na tua boca eu fui trincar,
chamei-te mãe chamaste-me doce,
do teu colo equacionei o mar,
nem que um mísero esboço fosse.

nos dias antes de Édipo
demos ao deserto uma nova coloração,
de rubro o pintámos em traços frénicos
roubámos também às andorinhas a estação.

como os líquenes na pedra húmida
crescemos os dois entre as lascas,
clamei logo por vinculação desmedida
a fim de hipotecarmos, eu bem sei,
a história das nossas fichas

{mãe, o mundo precisa do meu assobio para existir}


1 comentário:

Anónimo disse...

gostei muito, fábio. um beijinho e bom fim-de-semana!