7.10.08

Como aprender a morrer


Escrever no teu rosto gelado,
não,
pedindo minha penitência.
Cravar-te na pele,
não,
o custo da liberdade.
Fazer de conta
que a cruz amparada
por fantasmas translúcidos
perdeu-se no tempo,
no tempo da dor.
Que a fluidez das membranas
dos corações desleixados
se esbateu em jogos,
em jogos de silêncio.
Pintar nos teus sonhos,
não,
dívidas por saldar.
Invocar no teu corpo,
não,
lucros por aproveitar.
Vou fazer de conta
que os dias
se esqueceram de nós
e que a morte,
a morte,
beijou-me os lábios,
beijou-me os lábios com pena.


fs

2 comentários:

Ricardo Pulido Valente disse...

obg pelo gentil comentario, colega.

adorei este poema, faz lembrar um pouco o herberto helder.


abraço

isabel mendes ferreira disse...

faço de conta que os dias são asas.....


e voei. até aqui.


morada de todas as invocações.


_______________beijo.