Enclausurado nas grades em que se fechou,
educou os tímpanos ao prazer do silêncio,
teme pois que a criatividade assassinou,
se criar não será o maior e inútil dispêndio.
Ao longe, distante das barras de metal verticais,
esbatem-se os holofotes em tons de cinzento,
procura e não acha pedras filosofais,
elixires aguardados ultimando o tormento.
Ouve-se um violino chorar.
Ao longe, em becos mudos e sem fim,
mães parindo no escuro o desgosto
de lançar para o mundo um destino ruim
de pobre rei morto, pobre rei posto.
Caladas fecham as pernas em suplício,
entrelaçam os dedos em volta do peito,
ignoram a profundidade do precipício
onde tudo cai depois do mal estar feito.
Ouve-se um violino chorar.
Saltando a barricada feito sanguinário,
emerge das grades em protesto,
nas artérias da cidade circula precário,
pede pelo menos o respeito honesto.
Ninguém as suas ordens consegue acatar,
encolhidos na sua palidez humilhada.
Ao longe ouve-se um violino chorar,
são as mães arranhando a pele eriçada.
fs
4 comentários:
tão belo...
mas tão belo.
______________________tanto!
.
beijo.
/piano.imf.
Muito obrigado, imf, por perder algum do seu tempo a visitar este lugar.
um beijo.
fs
gostei muito deste choro;)
aqui o tempo é todo ele "ganho".
venho por muito prazer.
venhos várias e muitas vezes.
beijo.
___________
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