7.8.08

Choro do violino


Enclausurado nas grades em que se fechou,
educou os tímpanos ao prazer do silêncio,
teme pois que a criatividade assassinou,
se criar não será o maior e inútil dispêndio.
Ao longe, distante das barras de metal verticais,
esbatem-se os holofotes em tons de cinzento,
procura e não acha pedras filosofais,
elixires aguardados ultimando o tormento.

Ouve-se um violino chorar.

Ao longe, em becos mudos e sem fim,
mães parindo no escuro o desgosto
de lançar para o mundo um destino ruim
de pobre rei morto, pobre rei posto.
Caladas fecham as pernas em suplício,
entrelaçam os dedos em volta do peito,
ignoram a profundidade do precipício
onde tudo cai depois do mal estar feito.

Ouve-se um violino chorar.

Saltando a barricada feito sanguinário,
emerge das grades em protesto,
nas artérias da cidade circula precário,
pede pelo menos o respeito honesto.
Ninguém as suas ordens consegue acatar,
encolhidos na sua palidez humilhada.
Ao longe ouve-se um violino chorar,
são as mães arranhando a pele eriçada.


fs

4 comentários:

Anónimo disse...

tão belo...



mas tão belo.




______________________tanto!



.


beijo.




/piano.imf.

fábio videira santos disse...

Muito obrigado, imf, por perder algum do seu tempo a visitar este lugar.


um beijo.

fs

Ricardo Pulido Valente disse...

gostei muito deste choro;)

isabel mendes ferreira disse...

aqui o tempo é todo ele "ganho".



venho por muito prazer.


venhos várias e muitas vezes.



beijo.



___________