21.5.10

Uma infância vista de cima (7 de 20)

{na rua onde nasci não há morte
e as pessoas vão aparecendo}


deste lado da rua
sou eu e mais uns poucos
que damos vivas à existência.
do outro lado alvitram
os castigadores da crua banalidade,
dos pudores escondidos
em castiçais de chama pendente. Alinhar à esquerda
e refilam
por não considerarem a existência
como o todo em si.
ao que eu me rio,
deste lado da rua,
dando vivas à existência,
dando vivas a mim.

percorro, então, os caminhos
para deixar pegadas
fósseis do meu peso na terra
que é minha
porque a sinto
no prolongamento dos dedos

contrai-se todo o espaço
à imponência de um fémur
e segue o meu corpo
que começa n' aorta
acaba onde me sonho
e grito
dando vivas à existência,
dando vivas a mim.

{o mundo é que se vai esquecendo de algumas delas}

1 comentário:

Anónimo disse...

gosto muito, fábio. o nosso peso na terra é tão ínfimo que temos de criar para pesarmos mais :) um beijinho grande e obrigada por teres aparecido. gostei muito de te ver!