6.5.09

Três escritos Queimados e outras quinquilharias (2)

II

Jantei sozinho no escuro da sala
A refeição que teima em não me tirar a fome
Escrevi com os olhos o teu nome na parede em frente
E em silêncio mastiguei a tua aparência incólume.
Na rua agitam-se os passeios, levantam-se bandeiras e gritos
E eu passo ao lado disso como passei ao lado dos que já foram.
Talvez ir à varanda gritar o teu nome
Que persiste no céu da minha boca
Mas tudo isso é pavio empobrecido em cera pegajosa.
De que me vale uma lembrança de ti
Senão um passado que jamais será futuro?
Corre uma luz nas minhas veias
que não encontra aurícula onde desaguar
como a refeição que teima em não me tirar a fome.
Há pouco jantei sozinho no escuro da sala
E limpei o teu nome da parede
Vesti o traje negro e saí para a rua.






fs

4 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Um texto com pormenores lindíssimos ^^

Abraço!

isabel mendes ferreira disse...

sempre-.


um crescendo de gostar.

José Pires F. disse...

Vez por outra, cada vez mais raramente, descubro algo que adorava ter escrito. Isto sabendo, claro, que seria impossível, sei bem não ter qualquer vocação (alma?) para escrever poesia.
Mas sou poeta do meu jeito, fruindo o belo que outros nos proporcionam.

Obrigado por nos proporcionar estes momentos.

Abraço.

José Pires F. disse...

Ai, ai, as redundâncias.