Pensar é escrever com as letras da imaginação. Acto supremo de ser outro estando mais próximo de si.
Talvez quem me escreve os poemas é outro que, de tão diferente de mim, é cada vez mais eu. Talvez, por isso, tenha sido outro a escrever um poema, ainda para mais em inglês, que encontrei nas últimas páginas de um caderno da faculdade e que não me recordo como foi lá parar. E é um poema incomensuravelmente simples e ingénuo que alguma coisa quererá dizer, nem que seja que há alturas em que o melhor era ficar quieto:
I started a poem
And then I saw
That my door was closed.
So I thought I was not a poet.
But in the Christmas’s night
I felt a star shining over me
And then I saw
My mighty heart
landing in the deepest dream.
I'm a poet.
Mas há outros, esses sim, que, de serem tantos, ajudam-nos na medida do possível a sabermos quem somos:
Chove. É dia de Natal
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor.
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa, 1930
fs
6 comentários:
en.quadro.me!
_____________
bom dia.
.
abraço.
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_______________________(volto)
Escrever sonetos à lareira
Aquecendo a mão e a mente.
abraço
Encontrar um poema esquecido faz-nos voltar ao tempo da inocência...
Desejo um Natal cheio de Amor e de Luz.
o gelo.
de.gelo-me.
de natal?
fica o desejo. que seja. muito.
. abraço.
E porque também já chega o dia de o dizer, um bom Natal para Si e um excelente Novo Ano, extensivo a todos os Seus.
E que inche de boas e novas ideias.
Enorme abraço e obrigado pelo privilégio de O ler.
obrigada.
pelos votos.
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