Todo o fim tem um início.
Quando elaborei as constantes que regem o meu universo, os cálculos não coincidiram. Todos os fios eram fiáveis mas não se enquadravam.
- Avô, acha que morremos verdadeiramente?
Sisudo não me respondeu de início, fez ouvidos moucos à criança curiosa que o mirava.
- Não sei, nunca morri para o dizer.
Calei-me pela imponência da lição, atirava-me cada tirada que poucas eram as vezes que o percebia. Confrontei-o.
- Por que é que decidiu ser coveiro, avô?
Esboçou um sorriso e os dentes amarelos brilharam pela luz do sol torrencial que caía no cemitério à medida que abria um buraco rectangular na terra seca e se ouvia tocar o sino fúnebre da igreja.
- Porque, todos nós, quanto mais não seja, passamos a vida a enterrar a amargura dos dias.
Fiquei hirto, observando o buraco fundo. Talvez o universo não obedeça a constantes.
É que todo o início tem um fim.
O Senhor Indefinido
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