30.7.10

Uma infância vista de cima (18 de 20)

{em criaturas de palmo e meio de vida
é difícil esquecer a textura das mãos enrugadas}


estava um jarro de flores fúnebres
por cima do napperon da mesa da sala
uma criança não pedia explicações para a morte
nem para o conteúdo triste dos funerais
e nesse dia só me lembro de não ouvir o avô.

reunida em volta da sala,
estava a família em santo sepulcro,
entre alguns suspiros e comoção
eu permanecia rastilho apagado,
apático aos olhares consternados,
só não aparecia a figura do avô.

até que ao fim da tarde
explodi em choradeira.
é que era a habitual hora
de passear pela aldeia
de mão dada com o avô.

2 comentários:

J disse...

Parabéns Fábio, escreves lindamente.

Anónimo disse...

gostava muito de conseguir chorar os meus avôs, mas a saudade impede-me as lágrimas... adorei, fábio. um beijinho.