28.5.10

Uma infância vista de cima (8 de 20)

{da geografia das palavras
um meio para podermos estar
nas casas das árvores}

com compassos, esquadros e réguas
são supostos círculos, ângulos e dimensões,
na primária quanto muito aprendo a estimar primaveras.

recitamos poetas com colarinho,
os olhos quase fechados de fado,
a professora pede melhor entoação,
espírito, cerimónia e dedicação,
mas na brincadeira da fisga
não se treina a dicção.
e depois vêm os rios e os seus afluentes
e se aos números há tempo de chegar
não nos chegam os dedos e os cochichos,
na multiplicação vem logo a cana espreitar.

nós esticados a olhar para o mapa do Império
a ver Portugal em toda a largura do planisfério
e tão preocupados estamos
ó se estamos
com os sapos deixados a coaxar
nas duas margens do nosso rio.


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