15.6.08

Pessoa(s)


(do quase silogismo hipotético
)

Se me tocam e não sinto,
se me agarram, colocam-me num altar,
se a luz da manhã pinga as telhas da casa
e a casa é de vidro,
serei um ser volátil, corrompido de intencionalidade?
Se as árvores do pomar gemem quando lhes aparo os galhos,
e as sementes que enterro desabrocham das cinzas castanhas,
se as folhas e frutos me sorriem
e eu estou verde por dentro,
serei um ser omnipotente sem o saber?
Mas omnipotência sem o seu conhecimento
omnipotência não é,
então quem é o sujeito que apara os galhos
e enterra as sementes nas cinzas castanhas?
Quem é?
Quem é o senhor do meu eu?
Se os dias crescem de júbilo
e o sol a meus pés não se reduz
que escuro cintilante é aquele?
E por favor, se a vida ainda nem encarrilou
e um velho fardo carrego em mim
então o destino já me abandonou?

Tantas as hipóteses e as pessoas!
E eu...
Eu que de tanto eu não sei quem sou.






fs